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Como conhecer estrategicamente o seu “concorrente”

por Rafael Dias de Lima

27 de janeiro de 2014

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Novos lançamentos de produtos e serviços. Novos conceitos. Novas publicidades. Novas criações/inovações. Mudança de paradigmas. Posições mais agressivas ou defensivas no mercado. A “criação e lançamento” de novos produtos e serviços quase sempre resultam em uma grande expectativa junto ao consumidor e também ao mercado.

E essa criação e lançamento trazem consigo novas oportunidades de mercado, novas tendência e primordialmente novas proteções no campo da propriedade intelectual (marcas, desenhos industriais, patentes, direito autoral,  etc.) a fim de perpetuar ao máximo esses novos movimentos junto ao mercado e evitar que os seus “rivais” usufruam de um eventual êxito alcançado.

E quando esse binômio “criação/lançamento” alcança um grande sucesso perante aos consumidores em uma determinada empresa, eis que alguns de seus rivais se questionam “Como não conseguimos vislumbrar isso antes?”, “Por que não conseguimos nos antecipar de algum modo e evitar uma surpresa?”, “De que forma essa proteção poderá nos atingir no mercado?”, “Como podemos nos precaver para que isso não volte a acontecer e evitar perda de mercado?”, etc..

É perceptível que muitas empresas estão preocupadas em somente proteger os seus bens imateriais e preservá-los perante terceiros. Essas empresas seguem a seguinte diretriz “EU TENHO COMO ME DEFENDER”.

É uma diretriz que na verdade todas as empresas obrigatoriamente deveriam seguir a fim de proteger os seus  próprios bens derivados de criações/inovações junto ao mercado em que atua. Entretanto, pelo que se constata atualmente junto ao próprio mercado, tudo indica que a frase “EU TENHO COMO ME DEFENDER” soa como uma obrigação de todas as empresas e é muito pouco para conquistar as ambições diante do que é exigido no  competitivo mercado de hoje.

Muitos já devem ter assistindo diversas reportagens de famosos treinadores esportivos mencionando que a cada  jogo tornase uma obrigação conhecer e estudar antes as técnicas/estratégias de seu adversário para que possa ganhá-lo.

Assim como ele (“seu rival”) lhe conhece, você também tem a obrigação de conhecê-lo. É como um jogo de xadrez. O jogador deve saber ao mesmo tempo atacar e defender com precisão e astúcia. E é notório que a cada dia que passa o mercado fica mais agressivo, busca respostas mais objetivas e práticas, além de almejar resultados satisfatórios e em curto espaço de tempo.

Em suma, não há tempo para amadorismo e muito mesmo seguir um caminho infrutífero e sem resultados. A  propriedade Intelectual proporciona várias possibilidades e alternativas legais a fim de conhecer melhor o adversário.

Em alguns momentos, como no xadrez, existe até a possibilidade de antecipar-se e conhecer o próximo passo do rival. Essas “armas” legais proporcionadas pela Propriedade Intelectual poderão propiciar um leque de alternativas à empresa, além de saber explorar e conhecer melhor o concorrente (através de lançamentos, tendências, inovações, publicidades, etc). Essa tendência exigida pelo próprio mercado (mapeamento da concorrência), obrigatoriamente passa pelos advogados.

Já foi a época em que a obrigação do advogado era conhecer em minúcias o seu cliente: hoje o diferencial é conhecer pormenorizadamente até o “rival” do cliente. Juntamente com o seu advogado atuante na área de propriedade intelectual, a empresa poderá garimpar todas as armas legais ao seu favor a fim de ter em suas mãos um RAIO X completo de seus rivais para cada vez mais posicionar-se estrategicamente junto ao seu mercado.

Como acontece em várias modalidades do esporte, na medida em que o adversário vai estudando e conhecendo melhor o seu oponente, esse último será obrigado a mudar estratégias e técnicas do seu “jogo”, buscando novas criações/inovações com a finalidade de paulatinamente ganhar mais espaço dentro de um mercado competitivo em que os amadores estão sendo deixados de lado.

Assim como o “jogo” está mais competitivo dentro do mercado, as empresas que se diferenciam e buscam incessantemente a liderança são aquelas que vêm conhecendo os seus “rivais” através das várias “armas” proporcionadas pela Propriedade Intelectual. E eis que surge a pergunta “O QUE EU PODERIA SABER COM AS FERRAMENTAS LEGAIS FORNECIDAS PROPRIEDADE INTELECTUAL?”. Praticamente são as mesmas usadas pelas próprias empresas na busca de suas inovações/criações.

A. Busca no Brasil e exterior de todo o portfólio de seu rival para iniciar o estudo e passar a conhece-lo melhor;

B. Manter no Brasil e no exterior um relatório ativo das marcas/patentes de seus rivais (principalmente assim que publicar as suas novas criações/invenções) a fim de avaliar novos passos e até mesmo evitar algumas
surpresas;

C. Verificar, através desses relatórios e demais informações, novas tendências e inovações dos concorrentes;

D. Estudar os ativos que não vêm sendo mais usados pelos rivais e tentar entender o motivo estratégico e usar isso a seu favor;

E. Preparar um histórico de proteção de seu adversário no Brasil e/ou exterior (a fim de saber para quais países o concorrente está fazendo maiores inserções e investimentos); Conhecer não somente a legislação de PI no Brasil, mas primordialmente no exterior (ao menos nos países estratégicos para a empresa) a fim de dimensionar o que representa mercadologicamente novos lançamentos e tendências;

F. Saber se a tendência de seu rival é conservar a sua proteção somente no mercado interno ou estender para o exterior (inclusive analisar e delimitar os principais países de atuação de seu rival).

G. Confrontar todas as inovações/criações de seus rivais com as publicidades, tendências de mercado, e até mesmo os argumentos adotados nas ações judiciais; Análise de sazonalidade, de modo a conhecer e entender o porquê que em determinadas épocas seu concorrente faz maiores investimentos e proteções na área de propriedade industrial (conhecer a periodicidade de lançamentos de seu concorrente);

H. Fazer um RAIO X de seu concorrente também na esfera judicial de modo a saber a sua estratégia de ataque e defesa envolvendo discussão de propriedade intelectual. Os indicadores acima são alguns exemplos das inúmeras ferramentas da propriedade intelectual no exterior e Brasil capazes de proporcionar vantagem competitiva.

Certamente aquela empresa que souber manusear melhor essas ferramentas terá um melhor desempenho frente aos seus concorrentes. Assim a frase “EU TENHO COMO ME DEFENDER” vem-se enfraquecendo e sendo  substituída pela frase “EU TENHO COMO ME DEFENDER, ATACAR E CONHECER COM PRECISÃO O MEU ADVERSÁRIO” dentro da esfera da propriedade intelectual.

 

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Rafael Dias de Lima

Advogado, Agente da Propriedade Industrial

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