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O valor que você não vê

por Eduardo de Mello e Souza

25 de março de 2015

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Fusões, aquisições e parcerias podem ser formas rápidas de entrar em novos mercados, adquirir novas tecnologias e talentos para sua equipe. Ao sentar à mesa de negociação, a maioria dos empresários sabe falar sobre os resultados de seu negócios, suas finanças e os ativos reais que tem a oferecer. Porém, poucos enxergam o lado intangível de seus negócios, e o resultado é dinheiro deixado na mesa.

O lado intangível das empresas vem crescendo exponencialmente em importância, e já se veem no Brasil gerentes especializados em tratar do assunto, geralmente e infelizmente, contratados depois da empresa sofrer na Justiça ação sobre o tema. Na negociação de uma parceria, compra ou consolidação, é imperativo que o time que fará a diligência prévia inclua ao menos um profissional versado em ativos intangíveis, que saiba reconhecer e dar valor a estes bens, ainda que apenas de forma geral.

Bens intangíveis que interessam em operações deste tipo podem incluir: marcas, linhas de produtos, reputação perante o mercado, nomes de domínio, sistemas de captura de dados, a identidade visual de produtos e serviços, campanhas de "marketing", programas de relacionamento com clientes, garantias de produtos e serviços, patentes, desenhos industriais, segredos de negócio, programas de computador, programas de treinamento, força de trabalho treinada, acordos de não concorrência, listas de clientes e de mala direta, direitos autorais, licenças governamentais (autorizando exploração de determinada atividade), licenças de ativos intelectuais (autorizando uso de marcas ou personagens de terceiros), e contratos com termos favoráveis.

Na precificação desses ativos, aspectos importantes a serem considerados são: possível uso após a operação; o benefício percebido no fluxo de caixa em decorrência do uso; como muda o posicionamento da empresa e parcela de mercado a que esta tem acesso; se existe alguma vantagem defensiva na aquisição, por exemplo que crie barreiras de entrada; se há histórico de litígio recente ou ameaça (por exemplo, nos EUA litígios ações envolvendo patentes são muito comuns, empresas entrando naquela jurisdição devem tomar cuidado).

Existe, ainda ,a questão da territorialidade a que estão sujeitos bens de propriedade intelectual, cuja concessão é restrita a determinado país ou região, bem como a pluralidade de tipos destes ativos. Um generalista talvez seja capaz de orquestrar o processo, mas quanto mais tipos e quantidade de ativos maior precisará ser a equipe de suporte por trás desse especialista, a ser composta conforme a demanda que se espera.

Com sombra de inflação e apagões no horizonte, todo empreendedor precisa ter em mente a busca por eficiência e expansão de seu negócio para mercados internacionais de menor risco. Fusões, aquisições e parcerias são caminhos para se atingir esses objetivos, mas é preciso ficar atento para reconhecer todo o valor de uma empresa no momento de uma negociação.

 

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Eduardo de Mello e Souza

Agente da Propriedade Industrial , Engenheiro de Controle e Automacao

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