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Panorama Internacional: Franchising brasileiro velejando no contravento

por Luiz Henrique O. do Amaral

01 de outubro de 2009

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O sistema de franquia no Brasil tem demonstrado força mesmo em tempos de crise no mundo e cresceu 19.5% em 2008. Em 2009, a ABF projeta crescimento em torno de 12%.

Enquanto isso, a atividade de franquia nas economias norte-americana e européia está sofrendo e vai sofrer ainda mais em 2009, como se viu tanto no recente Congresso Anual da International Franchising Association – IFA em San Diego, em fevereiro de 2009, como na reunião do Conselho Mundial de Franchising (World Franchising Council – WFC), de março de 2009. A IFA estima que haverá uma retração de até 3% no setor nos EUA. Os dados apresentados pelos países da União Européia no WFC não foram menos sombrios, especialmente em países do Leste europeu, como a República Tcheca.

Para um observador desatento pode parecer paradoxal esse resultado no Brasil. Porém, um exame mais cuidadoso mostra que o segmento continua pujante e se beneficia de algumas oportunidades resultantes do momento.

Primeiro, num momento econômico mais delicado, as pessoas que desejam abrir um negócio preferem correr menos risco e optam pela segurança de uma marca conhecida e uma rede cujo conceito de negócio já esteja testado no mercado. Nos tempos atuais, os empresários estão menos propensos a aventuras. Na franquia, o potencial franqueado encontra apoio da rede e menor risco do que se abrir seu negócio próprio sem estar ligado a uma marca já testada ou conhecida.

Além disso, com ativos financeiros em queda e o cenário futuro ainda incerto, o investimento em um negócio real torna-se um destino mais seguro, ainda que se trate de uma atividade empresarial de risco. As ilusões de aposentadorias antecipadas e uma vida fácil baseada apenas em aplicações em bolsa desapareceram. Nesse sentido o tombo nas bolsas trouxe mais realidade para o investidor e reforça os benefícios de se tornar um empresário.

O varejo brasileiro tem apresentado firme resiliência. As vendas no mercado interno têm se sustentado em patamares elevados e, apesar de a indústria ainda exibir percentuais de redução, o varejo interno não tem sentido esse impacto. Desse modo, as redes de franquia continuam a crescer normalmente e cada vez mais marcas entram no segmento, tendo chegado em 2008 ao incrível número de 1.400 empresas franqueadoras, sendo 90% delas marcas genuinamente brasileiras.

O crescimento do poder de consumo das classes C, D e E trouxe ao mercado uma população enorme, ávida por usufruir dos bens e serviços a que antes não tinha acesso. Aquelas franquias direcionadas a essas faixas do mercado experimentam exuberância.

Num mercado cada vez mais competitivo, a inovação é fundamental. Nas redes de franquia, os franqueadores estão habituados a esse ambiente e buscam incessantemente novos produtos e serviços. Os franqueados encontram-se assim em posição de vantagem diante dos empresários de marca própria, pois para eles a rede trabalha constantemente na pesquisa de mercado e inovação dos produtos e serviços.

Mesmo na área internacional, a ABF vem realizando um projeto ousado e de sucesso na exportação de franquias brasileiras, junto com a Apex, de maneira que hoje em dia 59 franquias brasileiras já operam no Exterior. Na Feira de Franquia de Paris em março de 2009, o Brasil foi o país de honra e a ABF organizou um pavilhão brasileiro com dez marcas nacionais.

A franquia apresenta-se como opção até mesmo para atenuar o desemprego. Como os profissionais demitidos são de bom nível educacional e com algum recurso financeiro, a ausência de emprego pode ser suprida por um novo projeto de vida, tornando-se empresário franqueado de uma rede estabelecida.

As linhas de crédito, que desapareceram em muitos países, continuam disponíveis no Brasil. Existem instituições financeiras que disponibilizam financiamentos em condições especiais a franqueados e que financiam uma parte substancial dos investimentos. A ABF possui convênios com tais instituições e se tornou um centro de difusão de informações sobre tais oportunidades.

Nesse cenário, o franchising brasileiro navega com velocidade. Em momentos como o atual é que as melhores oportunidades surgem. Os pontos comerciais estão mais abundantes. Os valores dos aluguéis podem ser melhor negociados. O custo de obra é menor. Os fornecedores estão mais inclinados a negociar prazo e crédito e mesmo os financiamentos no setor de franquia não sofreram nenhuma redução. Os franqueadores e franqueados estão aproveitando o contravento no mercado internacional para velejar com determinação.

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Luiz Henrique O. do Amaral

Advogado, Agente da Propriedade Industrial

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