por Raul Hey
02 de agosto de 2012
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Pergunta para os empresários: você deixa seus rendimentos pessoais parados sem sua conta bancária sem se preocupar em investi-los ou formar uma poupança para o futuro? Vou repetir a pergunta: você se preocupa em investir os recursos imateriais de sua empresa de modo que eles gerem receita e lucros para a organização ou simplesmente não liga para o assunto?
Se acha que as perguntas acima são diferentes, você tem um problema. O valor de uma empresa nos dias atuais é dado principalmente por seus ativos imateriais, como tecnologia (patenteada ou não), marcas, know how, redes de relacionamento (relação de clientes, redes de distribuição e similares), certificações e direitos de várias naturezas (contratos, concessões e afins). Basta imaginar, por exemplo, de onde vem o valor de uma Apple, Nike, Google e várias outras bem conhecidas gigantes do mercado internacional e constatar que os ativos materiais daquelas empresas equivalem a até 35% de seus valores de mercado.
Hoje, domina mercado quem tem como núcleo de negócio os ativos imateriais, particularmente os que se enquadram na definição de ativos intangíveis. De modo simplificado, podemos definir o que são os ativos intangíveis de uma empresa como aqueles bens imateriais sob o domínio ou controle da empresa e que geram benefícios para ela, seja na forma de receita direta, seja na forma de vantagem competitiva, seja na forma de valorização do fundo de comércio da empresa ou qualquer outra.
Dentre os ativos intangíveis, existem aqueles que são passíveis de inclusão no balanço e que podem ser utilizados como mercadoria, dados como garantia de operações financeiras e usados como aporte em alianças estratégicas. Dada a diversidade e as naturezas distintas do conjunto de ativos de qualquer empresa, para que se transforme capital intelectual em lucro necessário se faz um projeto de gestão alinhado com a estratégia da empresa.
Em outras palavras, de nada adianta a preocupação isolada de se patentearem novas invenções surgidas no seio da empresa se aquelas patentes são utilizadas apenas para finalidade defensiva, ou seja, mera proteção das operações da empresa titular. Uma rede de distribuição ou vendas ampla e bem estruturada pode ser licenciada para outras empresas que atuem no mesmo território em áreas diferentes, com isto gerando receita adicional para a empresa. As chamadas tecnologias secundárias de uma empresa (tecnologias que apesar de inovadoras e protegidas, não formam parte do núcleo estratégico da atividade fim da empresa) podem ser licenciadas para outras empresas que necessitem da mesma tecnologia e, até mesmo, para concorrentes sem que isso necessariamente resulte em perda de mercado.
Estes são exemplos de itens de gestão estratégica de uma carteira de ativos intangíveis e que podem se tornar importantes fontes de receita adicional. O assunto acima levantado é moeda corrente já há décadas em países e regiões tradicionalmente geradores de tecnologia como Estados Unidos, Europa, Japão e Coreia. No Brasil, entretanto, apenas agora as empresas que criaram culturas de inovação estão começando a tratar seus ativos intangíveis como seus bens de maior valor e, portanto, centrais à sua estratégia. São elas que daqui a poucos anos certamente dominarão o mercado local e se beneficiarão da expansão inevitável para o mercado global.