02 de janeiro de 2024
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Nova decisão da Suprema Corte do Reino Unido discute patenteabilidade de invenções criadas por IA
Em decisão proferida em dezembro (20), a Suprema Corte do Reino Unido entendeu que a inteligência artificial (IA) não pode ser legalmente nomeada como inventor para garantir direitos de patente. Na sentença, o mais alto tribunal britânico concluiu, com base no Ato de Patentes de 1977, que “um inventor deve ser uma pessoa” para que a patente possa ser concedida.
A decisão unânime se deu após um cientista da computação norte-americano, Dr. Stephen Thaler, levar sua longa disputa com o Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido (UKIPO) para a Suprema Corte, contestando a rejeição de sua tentativa de listar uma IA como o autor de duas invenções. Segundo ele, seu sistema de IA, chamado DABUS, criou autonomamente um recipiente para comida/bebida e um tipo de farol luminoso, e teria então o direito de solicitar as patentes pelas invenções.
No julgamento, aplicou-se a tese de que a IA não pode ser considerada um inventor legalmente, conforme estabelecido pelo Ato de Patentes de 1977 (seção 7 e seção 13). No entendimento do juiz David Kitchin, um dos julgadores do caso, o sistema de IA DABUS não é uma pessoa natural, nem possui personalidade jurídica, e, portanto, não pode ser reconhecida como inventor. Assim, a DABUS não poderia ser a inventora e, logo, não poderia transferir nenhum direito patenteável ao seu criador.
A Suprema Corte enfatizou ainda que o UKIPO estava correto em decidir que DABUS não concebeu nenhuma atividade inventiva, sendo apenas um sistema de IA. Portanto, o tribunal julgou correta a decisão de considerar as solicitações de Thaler como “extintas” sob a legislação de patentes, pois ele não identificou uma pessoa como inventor, nem ele mesmo.
Embora seja um precedente vinculante apenas no Reino Unido, o julgamento traz a importante discussão da IA generativa no campo de patentes, sendo uma valiosa contribuição para o debate amplo sobre o tema. É importante destacar que, mais cedo neste ano, Stephen Thaler enfrentou uma situação semelhante nos Estados Unidos, onde a Suprema Corte do país optou por não analisar seu recurso contra a decisão do Escritório Americano de Marcas e Patentes (USPTO) de negar a concessão de patentes para invenções geradas pelo seu sistema de IA.
A decisão da Suprema Corte pode ser acessada através do link: https://www.supremecourt.uk/cases/docs/uksc-2021-0201-judgment.pdf