23 de setembro de 2025
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O desempenho do Brasil no campo da inovação: GII 2025 e IBID 2025 – avanços e desafios.
Em agosto e setembro de 2025, foram publicados dois relatórios de referência que ajudam a situar o Brasil no cenário da inovação, tanto no plano internacional quanto no doméstico. No âmbito global, o Global Innovation Index (GII – Índice Global de Inovação), elaborado anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), classifica 139 economias com base em 78 indicadores distribuídos em sete pilares: instituições, capital humano, infraestrutura, economia, negócios, conhecimento e tecnologia e economia criativa. No plano interno, o Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID), produzido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), adota a mesma lógica metodológica para medir ciência, tecnologia e inovação entre estados e regiões.
O GII 2025, cujo tema é “Inovação em uma encruzilhada”, aponta conquistas recentes, mas também indícios de estagnação. Embora a pesquisa e desenvolvimento continue avançando, o crescimento global do setor desacelerou para 2,9% em 2024, o nível mais baixo em mais de uma década, e a tendência é de nova queda em 2025, para 2,3%. Em contraste, as operações de investimento de risco (venture capital) avançaram 7,7% em 2024, mas esse resultado esteve concentrado em poucas transações de grande porte nos Estados Unidos, especialmente ligadas à inteligência artificial. Ainda assim, o número total de negócios diminuiu e o capital voltou a se concentrar no setor de tecnologia e no mercado norte-americano.
No ranking global das economias mais inovadoras, a Suíça ocupa a primeira posição, seguida por Suécia, Estados Unidos, Coreia do Sul e Singapura. A China entrou pela primeira vez no grupo, ficando no 10º lugar global, enquanto a América Latina aparece representada por Chile (51º), Brasil (52º) e México (58º) entre os 60 primeiros colocados. Com relação ao GII de 2024, o Brasil caiu duas posições (50º) e foi superado pelo Chile, não mais ocupando a liderança na América Latina.
Outro destaque do GII é a lista dos 100 principais clusters de inovação, regiões que concentram pesquisa, startups, tecnologia e capital de risco. O ranking de 2025 é liderado por Shenzhen–Hong Kong–Guangzhou (China e Hong Kong), Tóquio–Yokohama (Japão) e San Jose–San Francisco (Estados Unidos). Na América Latina, São Paulo ocupa a 49ª posição, Cidade do México a 79ª, e o Rio de Janeiro é citado como um dos principais clusters emergentes em países de renda média.
O relatório também ressalta que o Brasil permanece entre as economias de renda média que superam o desempenho esperado para seu nível de desenvolvimento. São destacados a relevância das publicações científicas, a cooperação universidade-empresa e a vitalidade do ecossistema de startups, especialmente em São Paulo.
Já o IBID 2025 confirma a forte concentração das capacidades inovadoras em poucos estados. O ranking nacional é liderado por São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com apenas seis unidades federativas acima da média. São Paulo se mantém em posição de destaque, com desempenho quase três vezes superior à média do país. O relatório ainda mostra correlação estreita entre PIB per capita e inovação, embora estados do Nordeste revelem eficiência maior do que o esperado na conversão de recursos em resultados inovadores.
No recorte regional, o Sudeste (0,505, 1º lugar) e o Sul (0,421, 2º lugar) concentram os ecossistemas mais estruturados, seguidos pelo Centro-Oeste (0,254, 3º lugar). Nordeste (0,179, 4º lugar) e Norte (0,157, último lugar) enfrentam maiores desafios, embora o Amazonas tenha sido o estado que mais progrediu entre 2024 e 2025, subindo do 20º para o 17º lugar e assumindo a liderança regional.
Em relação aos sete pilares, também analisados no GII, o IBID confirma a liderança de São Paulo em todos eles, com destaque para conhecimento e tecnologia e economia criativa. Santa Catarina e Paraná apresentam trajetórias consistentes, enquanto Rio de Janeiro e Minas Gerais figuram entre os destaques nos resultados de inovação, apesar de fragilidades em algumas dimensões.
Considerados em conjunto, os dois relatórios revelam uma mesma dinâmica. O GII evidencia a concentração global da inovação em polos e setores específicos, enquanto o IBID mostra como essa lógica se reproduz internamente, com núcleos de excelência convivendo com regiões de desempenho mais limitado.
O GII 2025 e o IBID 2025 podem ser acessados por meio dos links: Global Innovation Index 2025 e IBID 2025