01 de fevereiro de 2024
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Dubladores brasileiros criam movimento “Dublagem viva” para pedir a regulamentação do uso da IA
Amplamente difundida em 2023, a inteligência artificial (IA) generativa começou a ser utilizada também para replicar vozes de cantores e atores. Com base nisso, em novembro de 2023, um grupo de dubladores brasileiros aderiu a um movimento global para exigir a regulação da IA em produções audiovisuais. A adesão nacional ao movimento teve ampla divulgação no início desse ano. Assim, a campanha nacional intitulada “Dublagem viva” busca proteger a atuação desses profissionais no mercado frente à nova tecnologia.
Em âmbito internacional, o movimento “Real voices” é encabeçado pela organização “United Voice Artists”, que engloba sindicatos e associações de dubladores de mais de 20 países (incluindo o Brasil), e já conta com a assinatura de quase 100 mil pessoas. Em grande parte, a campanha também se inspira na greve de atores e roteiristas de Hollywood em 2023, que buscou, dentre outras coisas, regular o uso da IA pelos estúdios de produção.
O manifesto oficial da Dublagem viva sugere que “a IA pode ajudar no combate à pirataria de conteúdo ao fornecer mecanismos mais eficazes para detectar e bloquear reproduções ilegais. Criar mecanismos de reconhecimento de voz e análise de conteúdo para identificar tentativas de uso não autorizado de material dublado, protegendo os direitos autorais e conexos de seus detentores, garantindo que os artistas e estúdios sejam devidamente remunerados por cada exibição”.
Ainda, segundo o movimento, “a regulamentação deve ser elaborada de forma a equilibrar os avanços tecnológicos com a preservação de empregos e garantir a qualidade da dublagem, mantendo o respeito aos profissionais e à indústria audiovisual, que possui imensa cadeia produtiva”.
Desse modo, os dubladores reivindicam vários pontos no que se trata da regulamentação da IA. Dentre eles, que a IA não seja utilizada para reproduzir vozes de atores de outros idiomas para o português; que o uso da IA em dublagens esteja em conformidade com a Lei de Direitos Autorais (Lei 9610/98) e com os contratos de trabalho; e que a IA não seja usada para disseminar qualquer tipo de discriminação (de gênero, racial, étnica etc.). E por fim, demandam que a regulamentação seja abrangente e que haja a participação dos profissionais do setor, desde os próprios dubladores até especialistas no assunto e demais representantes da sociedade civil.
O manifesto oficial do movimento “Dublagem Viva” pode ser acessado através do link: https://dublagemviva.com.br/index.php/manifesto/