30 de setembro de 2024
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Chile, Brasil e Uruguai lideram o ranking do Índice Latino-americano de Inteligência Artificial de 2024
No dia 24 de setembro, o Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile (CENIA) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) publicaram a 2ª edição de seu Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial (ILIA 2024). O documento apresenta um estudo que avalia a situação de 19 países da região da América Latina e Caribe, medindo o grau de preparação de cada um deles em relação à adoção, desenvolvimento e governança da inteligência artificial (IA). Para isso, o índice faz um exame comparativo dos países, avaliando seu grau de maturidade alcançado em matéria de IA a partir de determinados critérios, como fatores facilitadores, pesquisa, desenvolvimento e adoção, e governança. A partir dessa análise, os aloca em 3 categorias: países pioneiros, adotantes ou exploradores. Chile, Brasil e Uruguai ocupam, respectivamente, os primeiros lugares no ranking do ILIA 2024.
Primeiro, o ILIA 2024 explica a metodologia adotada em sua avaliação, que pode ir de 0 a 100 pontos, com cada critério representando aproximadamente 33,33% da pontuação. Nesse quadro, apresenta o gráfico com a pontuação total, sob a liderança do Chile, com 73,07 pontos, seguido por Brasil (69,03 pontos) e Uruguai (64,98 pontos). Segundo o documento, os países pioneiros são aqueles que possuem uma posição de liderança, se destacando em áreas como infraestrutura tecnológica, desenvolvimento de talentos especializados, produtividade científica e capacidade de inovação, também orientando estratégias nacionais para a consolidação e a expansão de tecnologias de IA em todos os setores da economia e da sociedade.
No segundo nível, os chamados países adotantes encontram-se em uma posição intermediária, ou seja, já introduziram a IA em vários setores de sua economia e sociedade, usando essa tecnologia nos setores produtivos, serviços e administrações públicas, mas ainda de forma incipiente, sem alcançar uma posição de liderança. No terceiro nível, que engloba os chamados exploradores, estão aqueles países que estão nos estágios iniciais de sondagem de IA ainda desenvolvendo recursos básicos na área.
Depois, o ILIA 2024 expõe 10 descobertas importantes alcançadas através do relatório. Dentre elas, o documento destaca que, nos últimos oito anos, a concentração de talento em IA na América Latina e no Caribe dobrou, embora a região ainda mantenha uma grande disparidade em relação aos países do norte global. Apesar disso, o desafio não é apenas formar profissionais, mas também retê-los, dado que a região enfrenta uma significativa fuga de talentos. Também, o uso de IA tem potencial de aumentar a eficiência do mercado de trabalho, especialmente em países como Chile, onde o PIB poderia crescer em 1,2% com a implementação adequada dessas tecnologias. A adoção de IA é impactada pela estrutura econômica de cada país, sendo mais avançada em nações com economias liberais, como Uruguai e Costa Rica.
Ainda, o índice alerta que a participação de mulheres na área da IA é variável, e os esforços para reduzir a desigualdade de gênero ainda são insuficientes na maioria dos países. Já a produção multidisciplinar na área de IA, especialmente em medicina clínica, é crescente, com 70% das publicações concentradas em dez disciplinas. Além disso, o ILIA mostra um aumento de iniciativas legislativas para regular o uso da IA, embora ainda falte urgência em algumas políticas nacionais. A criação de startups de IA ainda é incipiente na região, e, aqui, o ILIA aponta a necessidade de mais apoio e financiamento para o crescimento de empresas de alto impacto.
No que concerne ao Brasil, classificado como país pioneiro, um de seus maiores destaques está na dimensão de fatores facilitadores, critério que mede o progresso de elementos ou condições que constituem o ponto de partida para os ecossistemas de IA se desenvolverem de forma eficaz, e tem como variáveis: infraestrutura, dados e recursos humanos. Dentro desse critério, a variável de dados trata dos aspectos que garantem um bom gerenciamento de dados, como a disponibilidade, a usabilidade e a confiabilidade. Aqui, o Brasil se destaca por ser considerado o ecossistema de dados mais avançado dentre os países analisados, marcando 53,64 pontos em comparação aos 35,76 pontos da média geral. Ainda, o Brasil é citado na variável de recursos humanos, em uma matéria que trata de uma iniciativa educacional desenvolvida por uma empresa brasileira do setor, mais especificamente, “Plu”, um assistente virtual a base de IA que tem como objetivo ajudar professores e alunos a planejar e adaptar aulas de forma mais rápida, precisa e eficiente.
Do mesmo modo, o Brasil lidera o ranking na dimensão de pesquisa, desenvolvimento e adoção, com 79,15 pontos, ficando à frente do Chile (75,36), Uruguai (66,89) e México (66,18). Além disso, em um dos subindicadores, a subdimensão de inovação e desenvolvimento, o ILIA 2024 mensura o dinamismo e a capacidade criativa dos países no campo da IA, como o desenvolvimento de tecnologias abertas, o fornecimento de plataformas colaborativas e a geração de patentes para proteger seus inventos. Nesse ponto, o Brasil lidera o ranking, com 86,03 pontos, seguido pelo Uruguai, com 80,98. O Brasil também é citado como destaque no número de empresas unicórnio (com uma avaliação ou preço de ações acima de US$ 1 bilhão). O Brasil desponta com 100 pontos, seguido pelo México, que marca 82,52. Conforme o relatório, esse dado indica a “capacidade de um ecossistema de transformar pesquisa científica em valor comercial por meio de por meio da inovação”. Ainda, outro índice focado no número de patentes relacionadas à IA mostra o México liderando o cenário, com 100 pontos (equivalente a 4,22 patentes de IA por milhão de habitantes) e o Brasil com 90,78 pontos (3,84 patentes de IA por milhão de habitantes). A média latino-americana nesse aspecto é de 21,78 pontos.
Por fim, o relatório faz uma análise sobre o panorama legislativo e faz recomendações para as atuais normativas sobre IA na América Latina e no Caribe. Uma das principais conclusões gerais elaboradas pela ILIA 2024 é no sentido de alertar autoridades e líderes sobre a necessidade urgente de acordos nacionais e regionais que fomentem políticas abrangentes e coerentes para promover a IA. Essas políticas devem ser apoiadas por uma alocação decisiva de recursos, que reflitam a relevância e a urgência necessárias para garantir o desenvolvimento saudável da IA na região da América Latina e Caribe.
O índice pode ser acessado através do link: Índice Latinoamericano de Inteligencia Artificial